CENTRO DE REFERÊNCIA HIP HOP BRASIL PROMOVE O PROJETO “HIP HOP EDUCAÇÃO PARA A VIDA”
Realizada com recursos do Fundo Municipal de Cultura, a iniciativa, consiste na realização de palestras-shows sobre arte, cultura e cidadania em 18 escolas da rede municipal de ensino de Belo Horizonte. A iniciativa ainda celebra o lançamento do CD dos artistas Ice Band, Crime Verbal e Elemento.S
O Centro de Referência Hip Hop Brasil anuncia a realização de 18 palestras-show gratuitas em escolas públicas da Rede Municipal. Os encontros serão realizados no período que vai de setembro de 2010 a março de 2011. O objetivo deste trabalho é mostrar como o hip hop e até mesmo outras atividades e/ou movimentos sócio-culturais podem contribuir não apenas para a redução da criminalidade, mas também para revelar o talento destes novos artistas urbanos.
As palestras são ministradas por Hudson Carlos de Oliveira, o rapper Ice Band, e os convidados dos grupos Crime Verbal e Elemento.S. Todos os artistas possuem ampla experiência neste tipo de realização, que já foi oferecida em diversas escolas de Belo Horizonte.
Ice Band parte de sua própria experiência de vida e conta aos alunos como se envolveu com a criminalidade e a delinqüência na juventude e superou histórico de violência em favor da vida, por meio da arte e do envolvimento com movimentos sociais e culturais. Depois de cerca de 40 minutos de exposição, os três grupos fazem uma apresentação artística, onde demonstram a força do Hip Hop na formação do cidadão.
Durante o evento, que ocorrerá sempre às sextas-feiras, das 14h às 16h, os alunos das escolas receberão brindes como camisetas e CD´s com faixas dos artistas envolvidos, produzido especialmente para o projeto.
As escolas que tiverem interesse em receber a iniciativa, inteiramente gratuita, devem entrar em contato com o Centro de Referência solicitando a palestra Hip Hop Educação para a Vida. O endereço para contato é crh2b@yahoo.com.br
HIP HOP – EDUCAÇÃO PARA A VIDA
BREVE HISTÓRICO
Movimento que começa no Brasil no final dos anos de 1970, o Hip Hop faz parte da cultura de rua e representa as inquietações de uma geração que encontra neste ambiente espaço de reconhecimento de sua identidade, que se orgulha de sua negritude e que faz da "condição de favelado" motivo de articulação, em busca de pertencimento social e de sua afirmação como sujeito. De excluído a protagonista de um tempo, os jovens do hip hop valorizam a escrita, o poder da palavra, defendem a legitimidade do próprio discurso. Aprendem a importância de se expressar e alimentam o desejo de descobrir.
Chegou o momento de este estímulo ser levado às escolas, numa somatória de esforços para o melhoramento das condições de ensino, como iniciativa de valorização da auto-estima, como instrumento de transformação para estudantes, professores, educadores e gestores da educação pública.
Com vasta experiência, o rapper Ice Band tem muito a contribuir, por ser identificado pelos moradores de periferia como interlocutor legítimo, que conhece com propriedade o Hip Hop e também a realidade da população negra e favelada deste país. Ele próprio envolveu-se com a criminalidade na juventude, subjugou a importância da formação escolar, cometeu delitos. Para ele, descobrir a arte, os movimentos sociais e populares significaram redefinir sua trajetória. Hoje, tornou-se símbolo de superação. O projeto ainda se propõe reafirmar a importância deste movimento como lugar de revelação de grandes talentos da música contemporânea. Não por acaso, Ice Band convida Elemento.S e Crime Verbal para difícil, mas sempre compensadora experiência de construir e compartilhar.
SOBRE OS PALESTRANTES E GRUPOS
ICE BAND
Hudson Carlos de Oliveira mora no Aglomerado Serra e desenvolve trabalho autoral desde 1989. Em 2006, lançou o CD independenteExperimentando Idéias, com oito faixas. O trabalho conta com a participação de jovens em situação de risco social, reunidos pelo projeto Os Sobreviventes, do qual é idealizador, e do convidado especial do rapper Blitz (Crime Verbal). Ice Band parte de sua própria experiência - como um sobrevivente da guerrilha urbana dos anos 80 na Serra - e conta como trocou a arma pelo microfone para superar a cultura da violência em favor da música, da comunicação, da liberdade e da vida.
CRIME VERBAL
O grupo Crime verbal foi fundado em 21 de fevereiro de 2001, no Taquaril, região Leste de Belo Horizonte, em conversa entre Blitz e Black Hidra. O Crime: fala sobre o cotidiano das periferias do país, sem fazer vistas grossas ao que acontece. O verbal: é transformar a história de vida do povo em rimas diretas que provocam reflexão. Já passaram pelo grupo Binho, Carol, Rapper Mun, Drak, mina Kika, Agatha, Jamanta. Hoje a atual formação conta com os MCs Blitz e Daniel e o DJ Tickem. As influências vão de África Bambataa, Koul Herc, Cirurgia Moral, Zafrica Brasil, Gog, Thaide dj hum, Notorius Big, Cypress Hill a Bone.
ELEMENTO.S
Júlio César Souza Naves, o rapper T-Julim, fundou em 2000, na Região Noroeste, o grupo Elemento.S para relatar as repressões sociais que os jovens de periferia enfrentam no dia-a-dia. O grupo é composto por ele, Budog MC, Pqna MC e DJ Edd e tem se destacado no hip hop mineiro e nacional pela qualidade do trabalho apresentado. As letras, contra o preconceito social, denunciam a desigualdade e o desrespeito contra a população negra e favelada. O Elemento.S recebeu premiações em duas categorias do Hip Hop In Concert 2008, em BH, e foi indicado ao concorrido Prêmio Hutúz, no Rio de Janeiro, ficando entre os cinco finalistas.
O CENTRO DE REFERÊNCIA HIP HOP BRASIL
Associação não-governamental, sem fins lucrativos, o CRH2B foi fundado oficialmente no dia 02 de março de 2009, com o objetivo de promover, estimular, divulgar e fomentar a cultura Hip Hop em Minas Gerais, bem como sua articulação com outros Estados da Federação. Além de promover o intercâmbio de experiências, a entidade está capacitada para reunir e documentar as diferentes iniciativas de artistas, coletivos, posses e organizações afins, assim como estimular a produção deles. O CRH2B desenvolve próprios projetos, e realiza parcerias, para possibilitar estudos, pesquisas e trocas de experiências que verdadeiramente dimensionem a importância desse movimento de periferia para toda a sociedade, seja do ponto de vista da cultura e criação, seja nos resultados efetivos que estimulam a construção de uma sociedade melhor, mais justa e humanitária.
Presidida pelo rapper e arte-educador Hudson Carlos de Olivera – Ice Band, a instituição conta com Junio Marques da Silva – rapper Blitz (Vice-presidente), a produtora Jaqueline Cunha Melo (Secretária Geral Executiva), o rapper Júlio César Souza Naves (2º Secretário), a jornalista Janaina Cunha Melo (Diretor Administrativo-financeiro e coordenadora geral de projetos) e a arte-educadora Izabella Vieira Azevedo (2º diretor administrativo-financeiro), como integrantes da diretoria. O CRH2B tornou oficial, em janeiro deste ano, a participação de dois novos integrantes, a designer de moda Pandora da Luz e o rapper Sagaz. Ambos de Vitória, eles são militantes veteranos, que passam a atuar como articuladores interestaduais da instituição. Em fevereiro, fundou o Núcleo de Redutores de Danos, através do qual pretende oferecer informações sobre os riscos do uso abusivo de drogas e importância da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis – temas essenciais para o pleno desenvolvimento da juventude.
Neste primeiro ano, o CRH2B desenvolve o projeto Os Sobreviventes, de atenção a crianças e adolescentes em risco social, no Aglomerado Serra, o ciclo de palestras Hip Hop – Educação para a vida, em escolas públicas, penitenciárias e centros de recuperação de menores em conflito com a lei, participa de eventos de articulação e promoção do hip hop e outras categorias artísticas, como Duelo de MC's, Poesia na Praça 7, Terças Poéticas, Periferia Criativa, entre outros.
Em outubro de 2009, fundou o Cineclube Sabotage, em parceria com a Oficina de Imagens, em projeto beneficiado pelo Governo Federal, no bairro Taquaril. Por meio dele, promove exibição de filmes nacionais e ajuda a fomentar o debate sobre a cultura e a realidade brasileira.
A entidade também desenvolve o Programa de Facilitação do Acesso à Cultura, em que possibilita aos artistas do hip hop interagir com outras artes, através do qual promoveu visita de 30 jovens e adultos ao Inhotim – Centro de Arte Contemporânea, em janeiro deste ano. Ainda em janeiro, realizou ainda o 1º Seminário de Formação Política, com 25 participantes, todos eles artistas, articuladores e mediadores de conflito em diferentes bairros de periferia da cidade.
O Centro de Referência Hip Hop Brasil conta com o apoio de instituições privadas e governamentais como a Fundação Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Educação e Secretaria de Estado de Defesa Social, Favela É Isso Aí, Oficina de Imagens, Avesso Filmes, entre outros.